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Em Romance
Familiar do Neurótico, publicado em 1909, Freud considera que o indivíduo
deve libertar-se da autoridade dos pais no curso de seu próprio desenvolvimento
e que todo o progresso da sociedade repousa sobre essa oposição entre as
gerações sucessivas. Em um outro texto, de 1923, Dois Verbetes de
Enciclopédia, Freud definiu a psicanálise como sendo um procedimento para
investigar processos mentais e um método para o tratamento de distúrbios
neuróticos. Em seu processo habitual de transmissão, a psicanálise pressupõe
uma dinâmica de verticalidade na qual o que é apresentado de modo canônico pode
fazer com que outros olhares estejam sob o risco de serem considerados
desviantes do que está sendo posto de modo dogmático.
Finalmente, no texto A questão da Análise Leiga, publicado em 1926, Freud aborda questões sobre o fato de a psicanálise ser praticada por médicos e não-médicos, bem como sobre a existência de um currículo para a formação do psicanalista. Para ele, a formação médica é dirigida para fatos objetivamente verificáveis, sendo, por isso, inconveniente abordar uma fobia ou uma obsessão pela estrada do currículo médico. Freud questiona se a prática da psicanálise deveria ficar sujeita à interferência oficial, ou se seria mais conveniente deixar seguir seu desenvolvimento natural. Para ele, a perspectiva da formação para analistas não é um ramo especializado da medicina, mas, sim, uma parte da psicologia.
Ainda que quase 100 anos da escrita desses textos tenham se passado, impressiona o quão atuais eles se mantêm e quantas questões pertinentes à Formação em Psicanálise eles levantam até hoje. Somos instigados a questionar, por exemplo: como o analista deve lidar com sua necessária desvinculação com modelos de formação para dar espaço para o surgimento de uma prática clínica que possa ser, ao mesmo tempo, inovadora, ética e não solipsista? Como imprimir sua própria marca na sua clínica ao invés de ser um mero repetidor de fórmulas alheias? Se consideramos que a psicanálise se faz também na cultura, como considerar - no momento da transmissão - as modalidades contemporâneas de constituição subjetiva e o sofrimento psíquico decorrente que, eventualmente, se opõem ao saber considerado como consagrado e, portanto, estabelecido? Como podemos pensar essas inquietudes cem anos após, quando vemos várias ofertas de cursos de graduação em psicanálise e iniciativas de regulamentação da atividade sendo discutidas?
Essas e tantas outras questões nos movimentam para um momento de diálogo a respeito da transmissão, das formações e, por que não dizer, deformações da Psicanálise na contemporaneidade.
HORÁRIO
sábado | 9h às 12h e 13h às 16h
DIRIGIDO
A Jornada é uma atividade gratuita, dirigida ao público em geral.
Informações e
inscrições*
11 3864 2330 | 11
3865 0017 | WhatsApp 11 9 76661249
*inscrições antecipadas
Alba Lúcia Dezan
psicanalista com formação pelo CEP, psicóloga clínica com atuação em consultório particular. Mestra em Psicologia Clínica e Cultura pelo programa de Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília - UnB. Especialista em Teoria Psicanalítica pela Universidade de Brasília - UnB. Coordenadora do Espaço Winnicott Brasília. Coautora do livro "Atendimento psicanalítico das relações raciais", ed. Zagodoni.
Gustavo Dean-Gomes
psicanalista e pesquisador. Doutorando pelo Programa de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (PSC-IPUSP), mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP) e do Instituto Nebulosa Marginal (Rio de Janeiro). Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisa Sándor Ferenczi. Autor de "Budapeste, Viena e Wiesbaden - O percurso do pensamento clínico-teórico de Sándor Ferenczi", ed. Blucher.
José Luiz Cordeiro Dias Tavare
psicanalista com formação pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP). Doutorado em Medicina pela Universidade Federal do Estado de São Paulo e pós-doutorado pelo Imperial College (UK). Membro do departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae (ISS). Mestrado em Literatura e Psicanálise (PUC-SP) sobre a autoficção e o desamparo freudiano na obra de Nelson Rodrigues. Autor de publicações na interface Literatura-Psicanálise. Membro dos grupos "Shakespeare e Psicanálise" (SBPSP) e "Psicanálise e Cultura" (ISS). Coordenador dos núcleos de Literatura e Psicanálise no CEP e no ISS. Docente do Curso de Formação em Psicanálise do CEP.
Marta Raquel Colabone
historiadora (USP), psicanalista com formação pelo CEP, especialista em Comunicação (USP) e em Artes (UNESP). Pertence à Rede de Atendimento - Clínica do CEP e é docente do Curso de Formação em Psicanálise do CEP. Colaboradora da publicação "Anos Loucos. Histórias da Psicanálise às margens dos anos 1920", de Luiz Eduardo Prado de Oliveira, ed. Autêntica.